segunda-feira, 31 de março de 2008

The Big Shave (1967), de Martin Scorserse

domingo, 30 de março de 2008

Não vai sobrar prédio sobre prédio

Hoje no Jornal do Commercio tinha uma propaganda de duas páginas - bem no centro do caderno de Cidades - da Moura Dubeux com 8 edifícios novos em Boa Viagem. E se tratando de Moura Dubeux e Boa Viagem, vocês já imaginam como são as construções. 4 suítes pra lá, sauna pra cá, piscina com deck pra lá, minicampo, espaço gourmet e um monte dessas coisas burguesas que eu nem sei pronunciar. Engraçado que a matéria de capa deste mesmo caderno era sobre uma biblioteca comunitária em Cosme Damião, aqui na Várzea que está para fechar as portas porque não tem R$ 260,00 mensais para se manter (aluguel + luz + água). Quem quiser ajudar: 9965-3745, 8632-0639 ou 9707-2537.

Pronto, feita a boa ação do meu domingo vamos aos dois pontos:

1. Construir 8 edifícios desse porte em Boa Viagem é o verdadeiro milagre da multiplicação do espaço, dada a quantidade de prédios que já existem no local e é também o milagre da destruição total do vento, porque fora da beira mar, o bairro em questão é um abafado que ninguém sente resquício de brisa apesar da praia estar a poucos metros (sem contar que na praia, o banhista nem pode entrar na água direito).

2. Definitivamente a 'Moura Dubeux - empreendimentos de grife' - com seu slogan brega-chique - é o maior instituto na cidade do Recife no quesito isolamento da alta classe social. Quase um apartheid mesmo (e só os clientes não vêem o resultado disso). Só aviso aos moradores - falsos reis do nosso tempo - que a vida não se faz dentro de quatro paredes e que uma hora todos precisam sair do castelo e passar pela aldeia e cruzar os sinais, transpor os viaduto, passar pelo Coque e cruzar pelos sinais de novo.

Estejam sempre preparados, olhando para todos os lados e cuidado com o ladrão.

Buuuu!

Boa mania de perseguição para todos vocês.

sábado, 29 de março de 2008

Depoimentos

Escrevi poucos depoimentos no orkut, mas gosto particulamente dos dois a seguir:

Mário (04/08/2006)

"Acho que eu e Mário morremos no mesmo dia numa outra vida, daí nossas almas saíram loucas em busca de um novo corpo. Claramente ele me deu uma rasteira pelas costas e eu só cheguei no mundo real cinco anos mais tarde. Tanta ligação em comum só poderia ter começado com um bom golpe baixo".

Carol (13/08/2007)

"Carol é assim: nas segundas, quartas e sextas ela inventa um novo orkut para deletá-los nas terças, quintas e sábados. E faz da criação ou destruição, atos convictos.

Mas não se enganem com tão pouco, pois Carol, na verdade, é como uma ressaca de domingo: olhos profundos diante de um dia indecifrável".

Achei bizarra a coincidência do mês.

Ônibus

Acordei hoje bem cedo, numa ressaca braba e ainda assim disposto a assistir, às 11 horas, Across the Universe na Sessão de Arte do Shopping Boa Vista. Tomei um banho rápido, vesti a roupa e saí correndo pra parada de ônibus. Eram exatamente 10:15.

...

Deu 11:00, o ônibus não passou e eu voltei pra casa.

Não sei pra que a prefeitura se preocupa tanto em fazer corredores viários, da casa de caralho pra puta que pariu, se o serviço de transporte público continua a mesma merda.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Pânico

Cláudio Assis vai traçar paralelos de sua obra com Godard na Aliança Francesa?

Espero depois comentários de algum aventureiro.

Reescrevendo a História

Na linha dos filmes 'faço da história o que eu bem entender', temos o épico pré-histórico 10.000 A.C.

Não sei se era a intenção, mas eu morri de ri. Muito mesmo. Tudo bem que era pra ser um alucinante filme de ação com pitadas de drama, mas se esperarem por isso, vai ser decepção na certa. A parada é tosca e picareta mesmo. Como logo no início, o drama se mostra um fracasso e em seguida, diante de uma cena potencialmente boa - a caçada de mamutes - a ação não funciona, desisti de levar a sério. O diretor é claramente um canastrão: coloca no pôster uma cena que nem existe no filme. Mas enfim, ontem eu estava afim de assistir um blockbuster pipoca com zero porcento de reflexão, com um bando de atores péssimos (o que confirma as risadas) e bons efeitos especiais. A escolha foi perfeita - exceto pelos efeitos que não são tão bons (sou realmente muito chato nesse ponto). Podem até acusar o filme de incompatibilidade histórica, mas sinceramente acho que é ser rígido demais com um diretor que criou Godzilla, Independence Day e O Dia Depois de Amanhã. Além disso, estamos numa safra onde só vale a premissa histórica, todo resto é falta de noção do criador. E nesse caso, QUE falta de noção. O filme coloca mamutes como burros de carga na construção de pirâmides, traça uma saga que mistura todos os povos possíveis como se cada tribo representasse um lugar do mundo, enfia no meio da trama umas referências toscas ao antigo testamento onde volta o velho blá blá blá do escolhido. O ocidente faz charge de Maomé, mas Maomé é a referência clichê maior dos Hérois ocidentais. Só depois de Matrix, quantos filmes em Hollywood falaram em O escolhido? Putz... Muitos. Nesse caso, a referência é mais clara porque há o discurso "de libertar o meu povo da escravidão" num lugar que claramente remete ao Egito. Pra piorar (ou melhorar) o figurino foi feito das sobras do último carnaval da sapucaí (hi-hi-hi), o héroi salva e fica amiguinho do tigre Dente-de-Sabre e o filme é cheio de declarações e trocadalhos nos momentos romance ("você é como aquela estrela e vai brilhar para sempre no meu coração"). Tudo isso na versão cabelos Bob Marley. Tudo bem que eu fiquei rindo sozinho na sala, mas só pode ter sido falta de senso de humor geral (nem tão geral, porque só tinham umas 10 pessoas na sala).

10.000 A.C. funciona como uma paródia de si mesmo, apesar de ter sido concebido para ser levado a sério. Quanto aos efeitos, só gostei dos mamutes - gostei muito por sinal - e digo logo que o tigre dente-de-sabre ta mal feito, hein? Milhões, Milhões e nada.

Fiquei pensando que época histórica eu gostaria de reescrever ao bel prazer da minha mente perturbada. Por enquanto, quero só fazer dreads e ter um mamute pra mim.

Carlão

O Carlos Reichenbach é fera!

Olha o blog dele.

Agora estou esperando ele disponibilizar na internet seus filmes - cujos direitos autorais ainda lhe pertencem, porque pelo que ele contou, essa relação de 'quem é o dono do filme' é braba, tão braba que tem filmes seus que se o próprio quiser fazer uma sessão precisa de autorização. É preciso colocar pra circular na galera, afinal, como o próprio cineasta disse "filmes são feitos para serem vistos, porra". O Carlão fez a promessa na palestra-conversa de ontem e eu vou cobrar. Até agora só temos Garotas do ABC e Anjos do Arrabalde. Queremos pelo menos Lilian M: Relatório Confidencial; Amor, Palavra Prostituta; O Império do Desejo; A Ilha dos Prazeres Proibidos e o que vi ontem, o ótimo Filme Demência.

Bens Confiscados está em cartaz no Cinema Apolo e Falsa Loira deve estrear logo logo. Dois Córregos tem em VHS na Classic e Alma Corsária passou na segunda na Globo (alguém gravou?).

Eu acho que o Carlão devia mesmo era disponibilizar tudo, com direito e sem direito, afinal ia ser marcante na relação entre direito do autor, direito do produtor e interesse público, caso ele fosse processado por divulgar seus próprios filmes. Certo, ninguém quer que ele seja processado de verdade. Assim sendo, alguém podia fazer o trabalho sujo por ele né? Tudo na linha anônima e sem relatórios confidenciais.

Ouvi uma grossa voz de whisky e charuto lá no fundo?

Lost

Não compartilho da paranóia Lost. Assisti a primeira temporada inteira e no meio da segunda desisti pra sempre. Daí em diante só episódios esporádicos na falta do que fazer (ou pra fugir do que tenho de fazer). Não suportei desde o início a estratégia de convencimento desse seriado (algo que já vem desde Alias, digo logo): um mistério, dois mistérios, dez mistérios, mil mistérios, uma resposta; dez mil mistérios, cem mil mistérios, 1 milhão, outra resposta. Sei que essa maneira de estruturar a história vicia um monte de pessoas, os tornando especialistas em detalhes despercebidos - vide os fóruns e explicações malucas que se espalham pela internet e pelas conversas de bar - mas sinceramente, não tenho saco algum pra isso. Fico logo puto. Lost pra mim é um jogo onde o JJ Abrams dá cordinha e depois puxa a cordinha, dá cordinha e puxa cordinha. Agora a questão é que ele já ta dando a cordinha há 4 temporadas. Haja paciência pra quem assiste. Espero que o final valha as mais de 100 horas perdidas. Um dos motivos de parar de assistir foi simplesmente por achar que o JJ Abrams não era tão bom nas respostas, como, admito, é nas perguntas. Lá pra 2010 / 2011, vocês me dizem.

Mas não coloquei esse post pra falar sobre isso. Foi outra coisa que me intrigou (bem Lost essa frase). A questão é que mesmo se estruturando a partir das perguntas não respondidas, ontem assisti um episódio e o achei impressionantemente previsível. Pelo que percebi o Desmond está sonhando repetidamente (ou talvez pode ser uma mentira afinal tudo é uma dúvida) que o Charlie-hobbit vai morrer. Para cada sonho, uma morte diferente. O Desmond conta isso pro Charlie e o pobre hobbit acha que vai morrer mesmo, daí faz uma lista dos momentos mais felizes da sua vida. Owww, seu fofinho. Alguém duvidava que o número 01 ia ser a noite em que ele conheceu a Claire? Não né? OK. Aí o Desmond conta que no último sonho, o Charlie morria afogado daí rola um monte de situações que terminam levando o pobre hobbit secundário até um barco de onde ele tem de pular e nadar até uma base submersa, agora completamente inundada, pra apertar um botão. Pois é, um botão. Desmond o acompanha no barco. Na hora de pular na água, previsão número 02: lógico que ia rolar um diálogo e o Desmond ia se culpar e querer ir no lugar do Charlie (afinal ele que estava sonhando). Previsão número 03: claro que o Charlie ia fingir que caía na conversa, só pra atingir e desacordar o amigo. Previsão número 04: Charlie pula e nada até a suposta base submersa e percebe que não está inundada coisa alguma. Acho que essa era a previsão mais óbvia (só perde pra da Claire number 01). Previsão número 04: se tratando de Lost, lógico que ele ia encontrar na base novas aventuras e o episódio ia acabar em clima de tensão. Lost não responde porra nenhuma e ainda é previsível pra caralho. Gostei disso.

Por sinal, fiquei achando a cena em que ele pula na água super bonita. Deviam ter deixado a câmera na superfície, sem cortes, até o Desmond acordar da porrada que levou. E o Charlie? Ah... o Charlie podia nunca mais voltar. O Guillermo Del Toro vai filmar O Hobbit... de repente ele podia sair nadando pra fazer uma ponta por lá. Não como Merry, afinal Merry nem faz parte da história do livro... mas como forçar a barra ta virando profissão, não duvido mais de nada.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Presidente

Andando no Recife Antigo, passo por uma reforma e ouço um grito operário:

- Lula, vem ver minha bunda cabeluda.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Entrevista coletiva com os Beatles em Los Angeles, 28 de Agosto de 1966.

Repórter: Eu gostaria de fazer uma pergunta aos senhores Lennon e McCartney. Num artigo recente, a revista Time criticou severamente a música pop e fizeram referência à "Day Tripper" como sendo sobre uma prostituta...

Paul: Oh yeah.

Repórter: E "Norwegian Wood" como sendo sobre uma lésbica.

Paul: Oh yeah.

Repórter: Eu apenas queria saber o objetivo de vocês dois ao escreverem essas canções e como enxergam o criticismo da Revista Time, no que se refere ao que está sendo produzido musicalmente hoje.

Paul: Nós estamos apenas tentanto escrever canções sobre prostitutas e lésbicas, that's all.



Amo.

Machismo

Vai feminismo, vem feminismo e as mulheres continuam com o péssimo costume de brigar por homens.

Afe.

A platéia se diverte.

BBB

O Brasil é emo.

E como assim mais de 76 milhões de votos? Isso é quase 30 milhões a mais do que o Lula recebeu na última eleição, minha gente. Tudo bem que todo mundo pode argumentar que cada idiota pode votar quantas vezes quiser no Big Brother. Sem contar que a faixa etária é bem mais ampla e suscetível ao convencimento barato do Pedro Bial. Ok, ainda assim esse número me assusta. Democracia que nada, o povo quer mesmo é show midiático. Bota logo o Rafinha pra presidente dessa joça de país e manda o NX Zero fazer o novo hino nacional. Garanto que a festa de posse ia ser a sensação. Franjas pra que te quero.

E a frase do Rafinha ao sair da casa (ou ao assumir o posto em Brasília): "Meu pai me mandou estudar, mas eu insisti, acreditei... Viu, pai? Eu consegui".

É isso aí Rafinha, estudar não ta com nada. Bom mesmo é fazer vestibular pra Big Brother.


O Brasil imbecil agradece.

terça-feira, 25 de março de 2008

Burocracia Cultural

Pra conseguir apoio financeiro não importa tanto a idéia, mas a justificativa, o orçamento e os documentos. Se existia a época em que as pessoas sentavam juntas pra discutir arte e achar a própria arte, hoje todo mundo só quer saber onde e do que precisa para o novo edital.

Literatura me parece, por ora, o único meio de se desviar disso.

domingo, 23 de março de 2008

Sabedoria

"Racine sequer teria entendido alguém que lhe negasse o título de poeta francês por buscar temas gregos e latinos. Creio que Shakespeare ficaria assombrado se tivessem pretendido limitá-lo a temas ingleses, e se tivessem dito que, como inglês, não tinha o direito de escrever Hamlet, de tema escandinavo ou Macbeth, de tema escocês".

"Não há camelos no Alcorão"

Borges.

- O que o senhor tava falando mesmo sobre pernambucanidade?

Recife

Segundo o que consta, trata-se de uma cidade velha, maltratada e fantasma, abandonada pela própria população que vive escondida em seus apartamentos, com medo de sair a pé nas ruas por conta dos assaltos e por não curtirem esteticamente dar de cara com aquele trombadinha faminto, cheirando cola e com um vidro na mão. As calçadas estão vazias e cheias ao mesmo tempo. A cidade também é muito conhecida por seu calor infernal 4ever, mas sem esquecer das chuvas de 20 minutos responsáveis por transtornos homéricos: bocas de lobo entupidas de lixo são bóias nesse lugar e os motoristas sempre fazem questão de molhar os pedestres. As ruas e avenidas são estreitas, o que proporciona e estimula a utilização de meios alternativos, mas a quantidade de carros só tende a aumentar. Rodízio já é uma possibilidade concreta discutida em todos os cabarés da região. Por fim, não podemos esquecer que Recife é mais conhecida como a Veneza das construções megalomaníacas e inacabadas. Temos o Parque Dona Lindu em simulação 3D; o complexo Chanteclair me segura senão eu caio e a Fábrica Tacaruna que abre suas portas uma vez por ano (se é que ainda tem portas ali). Temos também o Centro Cultural da Caixa, o Centro Cultural Banco do Brasil, o Centro Cultural dos Correios. Tudo isso apenas nos jornais. Recife é quase um brinde ao mundo virtual.

E como poderia deixar de falar do Cinema São Luiz, inaugurado em 1952, todo glamouroso que há pouco tempo se tornou a batata quente da cidade. O São Luís era o último sobrevivente dos cinemas de rua do Recife e foi fechado. Agora é só no joga de lá, joga de cá. Assume de lá, assume de cá. Coloca debaixo do tapete e espera alguma igreja evangélica se interessar. Ave Maria... esse é o lugar onde moro and I fucking love it.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Tradição

Como sempre acontece depois de dias seguidos de chuva e que antecipam uma temporada de chuva, o final de tarde de hoje, com o temporal já estiado, foi ideal para cair tanajuras. Nesses dias aqui na Várzea sempre foi assim: crianças (e até adultos) saem nas ruas com sacos nas mãos - alguns com medo, outros não - à procura dos insetos. Parece uma gincana que comove todo bairro. Era assim antes de eu nascer, foi assim quando eu era pequeno e é assim até hoje. Para quem não sabe, a Tanajura é um tipo de formiga responsável pela reprodução das formigas saúvas. Sendo fêmeas recebem espermatozóides de até oito machos, podendo gerar milhões de descendentes. Esse vôo é chamado de vôo nupcial. Caso elas consigam retornar vivas retiram as asas e iniciam um novo formigueiro. Além de aranhas, tamanduás e formigas de outras espécies, nós, humanos, também as comemos uma ou duas vezes por ano. O nosso procedimento é o seguinte: vassourada quando ela está voando, ninguém mata na hora, pega com uma mão e com a outra tiramos o ferrão, coloca no saco e assim se segue até encher o saco. Depois é só correr para cozinha e esperar que a mãe, empregada, irmã, pai, cozinheiros em geral preparem o prato.

Minha mãe sempre fazia uma farofa de tanajura, mas há quem coma crua e viva também... as patinhas até se mexem para fora da boca. =D

Descobri hoje no site do Globo Rural que comer tanajura é um hábito caboclo: "Quando o padre Anchieta chegou ao Brasil, um hábito curioso dos índios lhe chamou a atenção: em determinada época do ano, os nativos ficavam ansiosos para colher, aos saltos, 'frutos' que vinham do céu. Corriam alegres e enchiam vasos e mais vasos desse alimento que, torrado como amendoim, provocava verdadeiro deleite em toda a tribo e até nos homens brancos que o provavam. Os 'frutos', na verdade, eram formigas de abdômen avantajado, conhecidas por muitos como tanajuras ou içás. Segundo uma lenda indígena, foi uma cobra pequena quem ensinou aos índios consumir esse inseto. Certo dia, eles viram o réptil comendo a saúva, experimentaram e perceberam o quanto era gostoso". Por ser considerada uma praga nas plantações, a tanajura chegou a ser excomungada pela igreja católica. Os pobres insetos devem ter entrado em homéricos dilemas morais depois disso. ¬¬

Alguns dizem que tanajura tem gosto de camarão, mas para mim tanajura tem gosto de tanajura.

Can you come down with us?

can you come down with us?
can you believe with us?
when the warm air comes
we'll drink the ocean tonight

no time to fuss, no time to fight
all those people need a place to go

(Can you come down with us? - Olivia Tremor Control)

Loser

Produtores afirmam que apesar dos personagens e da cara, Michael Cera é um cara bem esperto.

terça-feira, 18 de março de 2008

Ciclo

Sempre lembro das cigarras que cantam, cantam, cantam e depois param de cantar.

A vida segue.

Michael Haneke, por Serge Toubiana

(Publicado originalmente no Dissenso)

Só um rápido comentário: a primeira vez que escutei alguém conhecido falar sobre ‘Funny Games’ (1997), foi, há vários anos, por volta de 2003, quando um amigo, João, o mencionou com insatisfação. Sem delongas ou paciência, revelou de imediato que sequer conseguiu chegar ao final do filme, tamanho o incômodo que o dominou depois da cena em que o garoto rebobina a própria história – cena que carrega um alívio cruel de tão efêmero. Pois é, João desligou ali mesmo. Dois dias depois quando o encontrei na universidade, ele passou uns 20 minutos argumentando como aquela obra tinha lhe feito mal; lhe angustiado a ponto de desistir da posição de espectador (ou cúmplice, se preferirem). E não se tratava de uma desistência dessas de quando estamos zappiando despreocupados pela T.V. e desistimos de cansaço e vamos dormir tranquilamente. Longe disso. A desistência aqui carrega outro simbolismo. A entrevista a seguir trata muito bem disso. Acontece que diante da lembrança de Funny Games, o incômodo não passava e apesar de João ter detestado e re-afirmado sempre que possível esse juízo de valor, suas pequenas descrições, breves análises ou mesmo xingamentos passavam uma impressão contrária. Um desgosto agressivo e uma admiração encoberta. Gostei de escutar esse paradoxo e fiquei naturalmente curioso. Essa mesma contradição me abateu no ano seguinte com Elefante (2003), de Gus Vant Sant. Lembro que ainda sob efeito da sessão, terminei dias depois escrevendo alguns versos sobre o vazio, assumindo nas palavras o tom que a película tinha impregnado em mim. Todos os versos começavam com “É um vazio…” seguido de ‘que’, ‘como’, ‘idêntico’, ‘diferente’ e comparava todo vazio do filme com o que eu sentia de vazio na minha própria vida. Durante esse breve processo criativo entendi a opinião por trás dos versos, além de poder contra-argumentar o discurso de João a partir de seu próprio discurso: o usando no sentido inverso. Uma admiração reaberta e um desgosto agressivo. Ele não tinha se dado conta da contradição. E eu o entendia: diante da lembrança de Elefante, o incômodo também não passava.

Michael Haneke consegue essa reação de forma brilhante. Não só por cenas isoladas como a auto-mutilação em ‘A Professora de Piano‘ (2001) ou o suicídio em ‘Cachê’ (2006), mas pela condução ‘humor negro crítico’ ao extremo que dá às suas obras. Em 2005 / 2006 por aí, João (outro João) estava falando algo sobre cinema – não lembro exatamente o que – quando citou por acaso “Funny Games”. Respondi que não tinha visto já me punindo pelo fato. Ele ficou surpreso e me recomendou com uma veemência nunca vista antes ou repetida: “esse é o tipo de filme que tu vai colocar entre os melhores com certeza“. No mesmo mês assisti e confirmei o dito. Não literalmente entre os melhores, sequer pensei nessa lógica, mas entre os mais perturbadores. Nessa mesma época assisti ‘Código Desconhecido‘ (2000) e ‘A Professora de Piano‘. Por sorte, Cachê (2005) havia entrado em cartaz e Haneke definitivamente na minha vida. Os temas aplicados nos meus pretensos roteiros sofreram uma mudança radical. No caso de ‘Funny Games‘ – tema específico da entrevista abaixo, a provocação através de um sadismo exagerado coloca a violência numa discussão cínica e fundamentada nunca vista antes. Senti-me um pouco cobaia da idéia do diretor (que com certeza adorou aplicar sua idéia em milhares de cobaias). Trata-se de um incômodo durante o filme; incômodo depois do filme; incômodo depois do filme ainda hoje. A entrevista data desse mesmo ano, 2005, e foi realizada por Serge Toubiana – crítico, ex-redator chefe da Cahiers du Cinema e atual diretor da Cinemateca Francesa. Já no final da conversa, o Haneke faz um comentário sobre a platéia de Cannes diante da mesma cena, que fez o primeiro João do texto desistir do filme. “Quando a mulher pega a escopeta e atira no garoto gordo, o público se pôs a aplaudir” – o tal alívio cruel ao qual já me referi. Acontece que logo na seqüência da possível libertação da tortura, o outro garoto toma a escopeta, dá uma coronhada na face da mulher e como se não fosse o bastante, pega um controle remoto e volta a cena até o momento em que o gordo ainda estava vivo. As olhadelas dos psicopatas para tela são essenciais. Nesse segundo momento, o diretor afirma que houve um silêncio enorme na sala, porque as pessoas “finalmente percebiam que estavam se deixando manipular ao aplaudirem um assassinato”, principalmente depois de se sentirem violadas pelos vários minutos de um sadismo auto-conscientemente ‘desestabilizador’ (usando a definição do próprio diretor). Parte da contradição, tema desse rápido comentário, se instaura nisso. As antigas cadeiras de madeira da Fundaj não parariam de rangir.

Por fim, só queria lembrar da notícia bizarra do momento: o lançamento da versão ‘americana’ de ‘Funny Games’, dirigida pelo próprio Haneke (já foi lançado nos EUA e deve chegar ainda esse ano no Brasil – ainda não o achei no Pirate Bay). No elenco, Naomi Watts, Tim Roth, Michael Pitt. Eu sei que é difícil entendermos a necessidade de um projeto nesses termos, dentro do breve intervalo de 11 anos entre a obra original e o remake e com uma caracterização das personagens extremamente parecida. Vejam os dois trailers seguidos para entenderem o que digo. Imagino que minha preocupação vai terminar se fincando nas atuações, afinal a maior parte do filme é literalmente igual, plano a plano, diálogo a diálogo. Sobra aos atores, a diferença – para o bem ou mal do conjunto da obra. Parece piada, mas resolvi dar uma chance. Não estou com uma pré-disposição negativa e isso já é um passo. Fiquei intrigado por não ter lembrança de outro diretor que tenha refilmado uma obra sua em tão pouco tempo. 22 anos separam a versão inglesa (1934) da versão americana (1956) de O Homem que Sabia Demais, de Hitchcock (exemplo óbvio, eu sei). De qualque forma, aqui as diferenças são inúmeras. Por outro lado, podemos retirar algumas reflexões desse fato inusitado. Li uma crítica, no IMDB, sobre o lançamento do remake de ‘Funny Games‘ que defendia a obra, pois era preciso ‘traduzir’ o tom crítico germânico para o público anglo-saxônico, com atores famosos (e comprovadamente bons) para que o filme deixasse de ter o efeito contrário nesses países: o efeito de consumo da violência e não de crítica a violência. O Haneke prevê essa necessidade durante a entrevista. É impressionante o tato que ele mantém sobre sua obra e não digo no sentido de obra fechada, mas obra que ganha o mundo e ganha extensões próprias. Sempre pensei que vários diretores perdiam essa segunda parte. José Padilha perdeu. O Haneke não.

Segue a entrevista (com legendas em espanhol – no youtube também tem uma versão com legendas em inglês. Versão editada, entretanto)

Parte 1:

Parte 2:

domingo, 16 de março de 2008

Clássico 2

Nelsinho Batista deu um fora muito bom no André Galindo e os jogadores do Sport fizeram o gesto do choro para torcida do náutico.

Agora a guerra vai ser na rua.

Clássico

As transmissões de jogos locais são super divertidas. Não digo isso só pelo tosco, mas também pelo tosco. Adoramos os erros técnicos do tipo falha de som ou "vamos escutar agora o hino..." e demora, demora, fica um silêncio constrangedor e finalmente toca o hino, adoramos o comentarista de arbitragem que parece mais um bêbado e confunde o nome de todos os jogadores - sendo sempre corrigido na sequência pelo Rembrant, o locutor - e até relevamos as piadas e informações sem graça do André Galindo - apesar de que quando elas se repetem e se tornam matéria ficam insuportáveis. Podem conferir amanhã, pura infâmia. Mas além do tosco um detalhe me chamou a atenção. Nas transmissões locais, a globo daqui valoriza a existência das várias câmeras em campo de uma maneira muito louca, até desordenada. Existe uma mudança constante de uma câmera para outra durante o próprio jogo, algo que pouco acontece nas transmissões nacionais e que quebra um pouco com o costume do plano aberto, da visualização completa do campo (visão apropriada pela maioria dos jogos de videogame também). Mesmo na preparação da partida já tinha percebido essa diferença. Só para se ter uma idéia, antes de começar o clássico entre o Náutico e o Sport, a Globo fez uma sequência de imagens editadas ao vivo, fazendo a linha preparação da batalha. Lembrei das cenas pré-batalhas de O Gladiador, Alexandre e afins. Daí mostrava os dois times de todos os ângulos, o árbitro, os brasões, as torcidas, as bandeiras. Chegou no ponto de filmarem ambos os técnicos em contra plongé, com a câmera na altura do gramado circulando cada um deles. O melhor é que a câmera às vezes tremia muito por conta dos movimentos inusitados que eram usados. Num desses contra plongés, a câmera chegou a cair. Muito bom. Preciso ressaltar que ao fundo tocava o hino de Pernambuco. Praticamente a batalha dos Guararares, a revolução de 1817. O jogo é narrado em ritmo de guerra mesmo. Achei muito legal isso, muito mais humano que aquela idéia da perfeição, do padrão globo de qualidade, da moralidade, de mostrar as famílias e ficar re-afirmando "esse é o jogo da família, um domingo da família". Aqui a pedra fundamental é a rivalidade. Não se perde a idéia de jogo, no sentido de confronto em nenhum momento. A edição super frenética me deixou super torcedor frenético. Romerito é ídolo, Ticão é traíra e Magrão é o melhor goleiro do Brasil.

Só acho que ao invés de chamarem a Geórgia Kirilos devia soar uma vinheta: "Geóoorgia, a carniceira dos pantânos frios das noites do Deus Satã... Oi Rembrant, estou aqui com beltrano do náutico e queria perguntar 'qual foi a maior dificuldade do jogo?". Fiquei escutando Ave Sangria durante o jogo. Também recomendo.

Isso sim é programação de domingo.

Ps.: O que são aqueles torcedores que ficam na grade da arquibancada xingando e fazendo cara feia para os jogadores do time adversário quando estes vão bater lateral e escanteio? Perae po... muito engraçado. Fico com medo de reconhecer alguém hahahahaha.

sábado, 15 de março de 2008

Linguagem

Acho ridículo quando as ciências tentam desqualificar o discurso de pessoas de outras áreas, se utilizando de sua linguagem e gramática restrita, não de forma argumentativa, mas retórica, para ocultar as próprias opiniões - que poderiam ser ditas em outras palavras - acabando assim com a possibilidade de qualquer discussão. Isso acontece nas ciências naturais, exatas e humanas. Isso é usado como recurso de superioridade a todo tempo pelo Direito, por exemplo, o que sinceramente distancia o povo do conhecimento de seus próprios direitos. O que me parece uma contradição diante da função do campo jurídico. Há um glamour nojento por trás disso. Entretanto, o que eu acho mais patético é quando a filosofia dos estudantes de filosofia também cai nesse pormenor de ego.

Não tem Nietzsche que agüente.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Magic Bus

Agora toda vez que entro num ônibus e sento, me encosto logo, acho a melhor posição, faço cara feia pra todo mundo que fala gritando, fecho os olhos e num passe de mágica já estou no décimo segundo sono. Acho que é a melhor técnica pra esquecer o calor infernal, fingir que a caxangá é pequena e tranqüila e não tornar a viagem um tempo inútil olhando as mesmas paisagens de sempre.

Esses sonhos partidos de ônibus sempre trazem paisagens novas.

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Tem um detalhe: só acordo babando... e com os olhos cheios de remela.

=D~~~~~~

quinta-feira, 13 de março de 2008

Creep

Tão doentinhos, meu deus. =)

Acho que todo mundo já deve ter visto o clipe abaixo por aí, dada as proporções que o Radiohead tomou na mídia nos últimos tempos. Só por curiosidade vejam a capa da versão brasileira da revista Rolling Stone com a matéria mais fico de joelhos e babo até morrer intitulada "O futuro segundo Radiohead". Já ta nesse nível místico da coisa (óbvio que eu sei que eles se referem ao lançamento do disco e o impacto disso, ainda assim é totalmente fico de joelhos e babo até morrer ¬¬). Esse vídeo, inclusive, já está rolando na internet há alguns meses (o link dessa 'cópia', por exemplo, está no ar desde 10 de novembro de 2007 no youtube). Coloquei esse clipe aqui porque adoro essa música, to completamente viciado nela e acho o vídeo muito bom, muito bom mesmo (e não só - mas também - por ter sido tirado do webcast e blá blá blá, por ter sido filmado em apenas um take simultâneo em 4 câmeras e até por ser uma extensão do 'revolucionário' In Rainbows - e bota aspas nisso). De qualquer forma, finalmente começo a me render ao novo álbum pelo álbum e não pela mística ou discursos que o embala. Esse clipe tem uma sacada simples que ressoa esteticamente de maneira bem peculiar e aparentemente precária, o que o torna mais interessante. Alguns podem se assustar como é de praxe.

Por sinal, tive a oportunidade de conferir o box do In Rainbows - com um vinil, dois cds e um tratamento de design de fuder. Dá uma sensação de além-música incrível em tomar aquele objeto nas mãos; parece mais que você adquiriu não só um lançamento novo da banda tal, mas uma obra que se constrói em qualidades artísticas (e estratégias) que agem em instâncias bem diferentes. É estranho até - digo isso porque sou um defensor ferrenho da anti-materialidade musical a partir do Mp3. O dono do box estava obviamente histérico: "é como comprar uma obra de arte" me confessou enquanto dirigia na Av. Paulista por volta das duas da madrugada. Muitos disseram frases parecidas em relação ao Sgt Peppers em 1967. Não queria estabelecer paralelos, mas naquela época se dizia muito que o Rock não era considerado arte. Engraçado que o mesmo pode se dizer do Rock hoje. Muitos dizem. Muitos gostam e não consideram mesmo assim. Vejam o vídeo aí que essa parada aqui ta ficando muito paradoxal (eu falo que to gostando do álbum pelo álbum e começo a falar do que o envolve; digo que não queria traçar um paralelo e, contraditoriamente, começo a esboçar um... vôte).



Agora só uma coisinha... quando o Thom canta essa parte transcrita abaixo, eu só me lembro de Placebo e da voz do Brian Molko:

Jigsaws falling into place
There is nothing to explain
Regard each other as you pass
She looks back, you look back
Not just once
Not just twice
Wish away the nightmare
Wish away the nightmare
You've got a light you can feel it on your back
You've got a light you can feel it on your back
Jigsaws falling into place

Vocês concordam? Se eu gostasse mais de Placebo e entendesse mais de música juro que lembraria até o nome da canção.

E pra não perderem a viagem baixem a trilha de Sangue Negro assinada pelo Jonny Greenwood, guitarrista do Radiohead. Ele é o magrelo bichinha do vídeo e desde Creep ele já era o magrelo bichnha do vídeo. Eu ia falar mais alguma coisa... ahh... o arquivo ta em torrent :P

Cosmos

Gentilmente alguém podia meter saturno, marte, capricórnio, plutão e netuno no cu da Denise Fraga?

Agradecido.

quarta-feira, 12 de março de 2008

11 de Setembro

Numa conferência em Hamburgo em 16 de setembro de 2001, Stockhausen foi questionado por um jornalista se a natureza de sua obra Licht era meramente "uma compreensão figurativa de uma história passada ou se particularmente demonstrava aspectos materiais dessa história". O compositor alemão respondeu: "Eu oro diariamente para Adão, não para Lúcifer. Eu o renunciei de minha vida, mas ele está sempre muito presente como em Nova York recentemente". Um jornalista então perguntou como os ataques ao World Trade Center afetaram ele. A resposta foi:

"Well, what happened there is, of course — now all of you must adjust your brains — the biggest work of art there has ever been. The fact that spirits achieve with one act something which we in music could never dream of, that people practise ten years madly, fanatically for a concert. And then die. [Hesitantly.] And that is the greatest work of art that exists for the whole Cosmos. Just imagine what happened there. There are people who are so concentrated on this single performance, and then five thousand people are driven to Resurrection. In one moment. I couldn't do that. Compared to that, we are nothing, as composers. [...] It is a crime, you know of course, because the people did not agree to it. They did not come to the "concert". That is obvious. And nobody had told them: "You could be killed in the process." (Stockhausen 2002, 75–76.)

Essa resposta foi usada fora de contexto ao redor de todo mundo, o que ocasionou o cancelamento de diversos concertos, inclusive o cancelamento de um festival dedicado ao compositor que iria acontecer na Alemanha. Vários jornais publicaram essa frase crucificando Stockhausen (há uma semana escutei essa história de maneira também distorcida). De um dia para o outro, ele se tornou uma persona non grata em todos os lugares (no nível de quando John Lennon declarou, em 1966, que os Beatles eram mais famosos que Jesus Cristo). O golpe final veio quando a filha pianista de Stockhausen declarou à imprensa que, a partir daquele momento não queria mais ter seu nome vinculado ao do pai. O compositor ainda chegou a redigir uma nota à imprensa explicando sua fala:

"At the press conference in Hamburg, I was asked if Michael, Eve and Lucifer were historical figures of the past and I answered that they exist now, for example Lucifer in New York. In my work, I have defined Lucifer as the cosmic spirit of rebellion, of anarchy. He uses his high degree of intelligence to destroy creation. He does not know love. After further questions about the events in America, I said that such a plan appeared to be Lucifer's greatest work of art. Of course I used the designation "work of art" to mean the work of destruction personified in Lucifer. In the context of my other comments this was unequivocal. (Stockhausen, 2001)

Óbvio que a 'errata' não teve repercussão alguma. Stockhausen morreu em 5 de dezembro de 2007. To com a impressão de que a morte dele também não teve lá muita repercussão, apesar de não poder falar com firmeza por ser meio leigo no assunto. De qualquer forma, tiro por Hugo e Finha que são bem mais entendidos de música cabeçuda que eu e achavam que ele tinha morrido há bem mais tempo.

Não conheço a obra dele, mas nada como uma história dessa para funcionar como primeiro passo. Se depois disso você ainda precisa de um empurrão, vale dizer que Stockhausen é uma das 'personalidades' escolhidas para a capa do Sgt. Peppers Lonely Blá Blá Blá. Além disso, Rogério Duprat foi seu aluno, assim como o pessoal do Kraftwerk. O compositor já foi citado como influência por Miles Davis, Charles Mingus, Frank Zappa até Sonic Youth e Bjork.

Um minuto de silêncio.

Oficialmente estou escutando Stockhausen.

Ginástica

De vez em quando acontece de eu assistir alguma competição e reagir como se estivesse vendo a um dos grandes filmes de Bergman. Recentemente, vibrei assistindo o jogo do Peter Sampras com o Federer, antes disso lembro muito de um jogo Brasil e Itália que terminou 3x3, mas nunca pensei que iria chorar ao descobrir que a Nádia Comaneci era realmente foda.


terça-feira, 11 de março de 2008

Aquarius

Há uns dois anos, a família estava reunida na sala assistindo novela quando minha sobrinha de 5 anos perguntou pra minha irmã que por coincidência é a sua mãe:

- Esse homem daí é namorado daquele outro homem, né mãe?

- o_O Claro que não, menina. Homem não pode ficar com homem não.

- Claro que pode. A senhora não sabia, não? Hoje em dia homem pode ficar com homem, mulher com mulher e homem com mulher normal.

- Errr... onde a senhorita aprendeu isso?

Ela não respondeu, mas eu sei que foi no Beija Sapo.

Há duas semanas, fui passear com essa mesma sobrinha, agora com seus 7 anos, no laguinho da universidade:

- Tio, tu sabia que Mayara - a irmã mais velha - ta apaixonada?

- É? E você?

- Eu tb.

- E quem é ele?

Ela pára de andar, olha nos dedos e responde na mão:

- Eles. 4. NÃO, NÃO. 5.

- 5? O_O

- É. tem Cicrano... tem Beltrano. Tem não sei quem que mudou de colégio.

- Mas não pode não se apaixonar por 5 de uma vez só não, menina.

Ela olha pra mim com uma senhora cara de desaprovação.

- Pode sim... quem disse que não?

- Ta bom, pode.

Infância

Minha sobrinha do meio recebeu a primeira carta de amor.

Darkside

Deveríamos saber resolver a raiva que só se cura com o sofrimento.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Oh Céus, Oh Vida

Sou uma bomba atômica de abuso falante.

Versus

Entrei no scrap de um amigo e encontrei o seguinte spam:

MUNDO DA MONOGRAFIA

ELABORACAO TCC-TESE-DISSERTACAO
Somos uma cooperativa 48 mestres e doutores de diversas areas ha 18 anos no mercado academico elaboramos todos os tipos de trabalhos universitarios
Voce define o tema o prazo e as obras a serem utilizadas totalmente interativo acompanhara passo a passo o desenvolver do mesmo recebera tambem as previas.
Um trabalho Inedito, Exclusivo e com a mais Alta Qualidade
digitado finalizado e formatado seguindo as normas da ABNT)

DIGA NAO AO PLAGIO ...NAO SE DEIXE ENGANAR..

Nossos atendentes estao on line faca agora o seu orcamento
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PS: Texto sem acentos proposital

Isso me lembrou o que Paulo Cunha comentou hoje sobre integridade intelectual, de como estamos vivendo uma época complicada diante do aumento do plágio, da cópia ou mesmo desse caso citado aqui que se vende e se promove como anti-plágio ou anti-cópia. Fica parecendo que é apenas um serviço simples como qualquer outro. Resolvi divulgar dois links interessantes sobre essa questão. O primeiro é um gerador automático de artigos pós-modernistas. A cada atualizada surge um novo texto. O segundo link talvez seja mais interessante para professores. Trata-se de um farejador de plágios.

Agora que joguei as espadas que comece a disputa. ¬¬

Aula do Mestrado

Luísa sentiu o perfume e espirrou.

Rodrigo sentiu o perfume e não espirrou.

Cecília e Diego reclamaram do chulé.

Crise Aérea

Lembrar de nunca mais perder o avião por causa de terceiros!

Crise aérea pessoal

Lembrar de nunca mais perder o avião.

domingo, 9 de março de 2008

Fila da Livraria Cultura

Tinha um cara sendo atendido na minha frente por uma simpática caixa:

- O senhor já faz parte do nosso programa de fidelidade?

- Não.

- O senhor gostaria de participar do programa?

- Não, porque eu não moro em São Paulo.

- Mas onde o senhor mora não tem cultura?

- ...

(Silêncio)

- Cultura tem, filha, só não tem Livraria Cultura.

- ...

Jornalismo

Acho que eu tenho a manha de entrevistar desconhecidos bêbado, apesar de seguir chamando fielmente esse costume de papo de bar.

sábado, 8 de março de 2008

Trote

Lembrar de nunca mais usar o telefone do hotel chique e excluir cada vez mais essa merda primitiva da minha vida.

89 reais em 5 dias é o caralho!

sexta-feira, 7 de março de 2008

Calor

Sair de Recife pra passar calor em São Paulo é foda.

Mc Donald's

Como assim a Mc Donald's é "o restaurante oficial das Olimpíadas de Pequim"?

E desde quando a Mc se considera restaurante?

quarta-feira, 5 de março de 2008

E agora, São Luiz?

Recife não supera seu complexo de caranguejo e continua andando sempre pro lado: a AESO acaba de anunciar que desistiu do São Luiz. Palmas para província.

Achei a matéria do Jornal do Commercio, assinada por Tatiana Notaro, muito boa, bem completa e naturalmente bem triste também. Relevei questões de pontuação, porque sinceramente isso seria a última coisa que iria me importar. Alguns trechos:

"Quando foram montados andaimes e as pinturas e reparos de infiltrações foram iniciadas, mais problemas. “Começamos a pintura do teto e descobrimos que ele estava todo coberto por uma gordura, provavelmente ocasionada pelas pipoqueiras e pela poluição das duas vias movimentadas, próximas ao cinema (a Avenida Conde da Boa Vista e a Rua da Aurora). Tivemos que lavar tudo com detergente antes de iniciar o trabalho”, explicou Ivânia. Por isso, a reforma de 60 dias, precisaria de mais 45 para ser concluída, nisto, somado mais 70% de aumento no custo do serviço, segundo dados do Grupo Barros Melo".

[...]

"Em novembro, o letreiro original do cinema, feito de latão, foi roubado. “Outro letreiro já foi comprado, mas ninguém entende o motivo do furto. O original tinha valor histórico, sentimental”, disse a gerente do projeto, Melina Hickson. Um ofício solicitando segurança para o local foi encaminhado à Polícia Militar, mas não houve resposta. Esta semana, vândalos quebraram vidros. Não fosse bastante, os moradores do edifício Duarte Coelho jogam lixo no teto do cinema, o que requer limpeza duas vezes por semana. Entre os serviços concluídos estão o restauro dos banheiros e do painel pintado por Lula Cardoso Ayres, além da impermeabilização e recuperação do telhado, restauro de todo o mármore do piso e colunas e o conserto das infiltrações".

[...]

"Por várias vezes tentamos agendar reuniões com o Grupo Severiano Ribeiro, mas não fomos atendidos”, disse a diretora de planejamento da Aeso, Isabela Barros. Em 29 de janeiro de 2008, o Grupo Barros Melo enviou uma carta aos proprietários, informando o andamento e os problemas com as obras. Segundo Ivânia, a carta não teve resposta. Procurado, o Grupo Severiano Ribeiro informou por meio de assessoria de imprensa “que foi notificado do cancelamento do contrato e que está analisando a situação”. Pela quebra do contrato, a Aeso pode pagar multa de R$ 45 mil, referente à três meses de aluguel do espaço, conforme consta no contrato."

Putz... o cara está em São Paulo de boa, resolve ler o jornal só pra ter leves lembranças da terrinha e termina a leitura puto da vida. É pra eu aprender.

Dia 01

Vamos por tópicos e sem revisão:

Acordei achando que tinha perdido o avião. Não tinha. Mas nada como pular da cama pirado e sair correndo pela sala da televisão, pelos corredores dos quartos, pela sala do móvel preto, pela outra sala até chegar na cozinha e ver que estava dentro da hora. Certo, por que não olhei pro celular que tava do lado da cama? Realmente não sei. Talvez só pra poder começar o dia com alguns segundos de tensão.

No avião pro Rio fui lendo aquela revista 'Discutindo Literatura'. Depois falo melhor o que achei dessa revista, quero até comentar matéria por matéria, mas por ora adianto que não gostei do que li e dificilmente irei comprar outra edição. Entretanto nas partes mais desprezadas da publicação encontrei algumas notas interessantes:

  • a primeira se referia a um divã literário realizado pela Biblioteca Pública de Santiago, no Chile onde o paciente passa por toda uma sessão de terapia e, de acordo com o que fala, tem um livro especialmente receitado ao final. Juro que eu até ia numa terapia dessas... podia rolar com filmes e discos também. Terapia Cultural (ou Multicultural) - é muito a cara de Recife isso;
  • o segundo era a divulgação de mais de 190 podcasts - exatamente 191 - do programa "Brasil e a Integração com a Literatura Latino-Americana" que tem um nome bem auto-explicativo né? Óbvio que não escutei ainda nada, mas pela geral que dei - apesar dos nomes canônicos demais - tem muito material online de análise. É apenas uma dica, mas uma dica massa, afinal acho que o meio literário está demorando um pouco a usar todo potencial da tecnologia ao seu favor;
  • A última nota legal era a também divulgação da revista Grap - Grafismo e Poesia (também bem auto-explicativo). A capa me chamou a atenção... e só adiantando, pra pedir uma cópia é preciso mandar um e-mail pra grap@unikamedia.com Não garanto que ainda tenham cópias (ou que enviem para qualquer lugar do país), pois além da edição ser de dezembro de 2007, ela foi viabilizada através de um programa que só financia o primeiro suspiro da iniciativa. A partir da publicação não há uma segunda parcela, de modo que o pessoal tem que correr atrás de patrocínio com esse 'portfólio' nas mãos. Vou até procurar saber se eles conseguiram.
Cheguei no Rio pra fazer a conexão para São Paulo. Pensei cheio preconceito "hora de explodir os tímpanos e aguçar a visão". A ponte aérea é realmente um dos vôos mais insuportáveis apesar da curta duração. Imagine-se trancado a mais de sei lá quantos metros de altura com um monte de cariocas falando, falando, falando e como se isso não bastasse, ainda pousar em Congonhas - com a aeronave balançando e tudo - sob a nóia geral do 'vamos morrer'. Quase que eu grito o refrão implícito. Mas o bizarro de verdade foi que eu desci do avião para trocar de aeronave, fiz todo procedimento de embarque novamente para chegar no? no? no mesmo avião - com as aeromoças falando as mesmas frases . Deu vontade de apertar o botão e ver se saia uma fita de dentro delas.

Como tenho que ir só vou contar até quando cheguei no hotel, deitei na cama e pedi um Beirute de frango. Dez minutos depois toca o telefone: a mulher do serviço.

- Senhor, errr... o pão sírio está em falta.

- Certo. E agora?

- Agora o senhor pode escolher outro pão.

- Outro pão?

- É. Pão bola ou pão de forma.

- Tem certeza que isso vai continuar sendo um Beirute?

- É tudo pão.

- Pois é... manda.

To indo nerdar ali na Exposição de Star Wars (e esperando pra ver se rola o show gratuito do Bob Dylan no domingo).

segunda-feira, 3 de março de 2008

E-mail de Mário

E aí meu amigo Mário manda um e-mail hoje diretamente de Manaus no dia do aniversário dele: "Rodrigo, na verdade quem deveria estar escrevendo um e-mail pra mim era vc, mas essa eu preciso contar. Sonhei contigo essa noite, tu morria e eu me acabava de chorar. Mas o sonho era muito mais complexo que isso. Rodrigo, o sonho era muito louco pq além da parte real do sonho, tinha a interpretaçao psicológica e lúdica da história e a gente vivia nesse meio termo, entre realidade e a loucura antes de morrer".

o_O

Não vou colocar os detalhes do sonho, porque a coisa só piora psicodelicamente falando. Tem até navio pirata no meio, sequestro de bêbados e viagens no tempo-espaço. De qualquer forma, deixo o meu livro Anthology dos Beatles pra quem pedir primeiro... e com todo resto 'censura livre' podem fazer bamburim ou botar num quebra-panela. A parte para adultos quero que seja decidida no truco.

Spam


To só na onda dos spams orientais.

Futebol

O jogador do Santa Cruz que mais perdeu gols no último jogo se chama Thomas Anderson. Agora o pobre time vai disputar o 'Torneio da Morte' para não ser rebaixado. Eu sei, sou cheio dessas besteiras que não deixo passar em branco.

Falando nisso, preciso ver Hard Eight e deixar de preconceito com Punch-Drunk Love.

Vendendo o meu peixe

O meu texto sobre o Peter Greenaway é o que recebe mais visitas diárias.

Imagino que seja por ser maior que os outros e pela própria variedade de palavras que uso. As procuras no google que resultam nesse link variam bastante entre si e assim sendo, há uma distorção enorme entre o que se procura e o que se termina achando. Acho isso sensacional. De vez em quando aparece um "cinema na decadas de 60, 70 , 80, 90, 20", "habitos das decadas de 60,70,80,90", "modo de visti no anos 70,60,50,80,90", "transformação como processo no cozinheiro, o ladrão sua mulher o amante" assim como também surge do outro lado "relatos de pratica de zoofilia", "zoofilia dos anos 20", "descobrindo zoofilia", "videos compartilhados de zoofilia" e até "mulheres de 40 com corpinho de 20".

Fico pensando que se o Dissenso fosse um bar estaria muito bem frequentado.

domingo, 2 de março de 2008

Papo

O papo da moda na cidade do Recife é o calor.

E não é só papo.

A Roda da Fortuna (1953) ou Santiago (2007)



Essa é a cena em que finalmente o Fred Astaire e a Cyd Charisse conseguem achar o tempo entre eles.

sábado, 1 de março de 2008

HNI - Homem Não Identificado

Eu acho tão tosco entrar no uol e ver o comentário "Javier Bardem beija homem não identificado em intervalo do Oscar em Los Angeles"

o_O