quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Jubilamento

Eis que recebi pela lista de comunicação o seguinte e-mail:

Aos alunos q vêm adiando a conclusão do curso, a Profa.Luíza Nóbrega convoca para uma reunião na próxima 5a.feira, dia 18 de setembro, às 15h, que terá como pauta a questão do jubilamento. Contamos com a presença de todos que se encontram nesta situação.

A Coordenação

Por não querer gerar uma confusão sem resultados na lista e até por achar que a briga nem é minha, resolvi não responder o e-mail, mas como não deixo de atirar quando tenho o gatilho entre os dedos, preciso dizer que se tem alguém que está precisando ser jubilada urgentemente para o bem da universidade, e mais especificamente para o bem do curso de Comunicação Social da UFPE, é a própria professora Maria Luíza Nóbrega. Poderia passar anos resgatando exemplos de aula, de troca de e-mails, poderia convocar alunos e ex-alunos para darem seus depoimentos, emocionados mas só para ilustrar o retrocesso que essa mulher representa, gostaria de falar um pouco sobre o que ela fez das disciplinas eletivas desde que assumiu a coordenação. Na minha época de graduação (e isso foi entre 2003 e 2007), todas as eletivas, sobre os mais diferentes assuntos, com um vasto número de professores, eram postas todas em um só dia, a sexta-feira. Particularmente, posso dizer sem medo que isso salvou o término de meu curso, porque era justamente pelas eletivas que eu escolhia e gostava que eu tinha saco pra pagar as obrigatórias, em sua maioria, insuportáveis (duas delas com a própria Maria Luíza, o que tornava tudo muito mais difícil).

Nessa época, as eletivas funcionavam como um grande espaço de encontro e diálogo interno do curso de Comunicação Social, já que todos os alunos, de todas as habilitações, tinham uma puta variedade de opções de cadeiras para se matricular (e quando falo em opção, falo do poder de escolha entre uma ou outra). O que me parecia um avanço, afinal personalizar a própria grade a partir dos próprios interesses é no mínimo um grande passo dentro de uma instituição marcada pela lentidão nas mudanças (e uma tendência). As pessoas com alguma afinidade de diferentes períodos e habilitações terminavam fatalmente, pelo bem ou mal do futuro delas, se conhecendo naquele corredor quente. Hoje temos ar-condicionado nas salas e só a Copa Paulo Francis pra integrar o curso (e realmente, ambos funcionam). De qualquer forma, diferente dos que acreditam na universidade como o lugar formal de meramente adquirir conhecimento, acredito na universidade como o lugar de conhecer pessoas. E não posso me queixar: fiz grandes amigos por lá e o conhecimento veio de várias formas. Realmente tomei as eletivas, os encontros, a biblioteca, as cervejas como uma fuga - algo que valia a pena para compensar tudo que não valia, e terminei pagando muito mais cadeiras eletivas que o necessário. Sem contar as isoladas em Letras, Ciências Sociais e Artes Plásticas. Só que a possibilidade de traçar esse mesmo tipo de percurso mudou, infelizmente não vejo uma reação prática dos alunos e tenho medo dessa nova era de grandes mudanças para o pior.

Agora o que acontece é que as eletivas são, de forma ímplicita óbvio, 'impostas'. Engraçado que eu achava que o nome era auto-explicativo: talvez o colegiado não tenha se dado conta. Pois é, ao invés de um dia único com um mar de opções, temos eletivas nos mais diferentes e ingratos dias e horários, o que em primeira instância faz com que determinadas eletivas se encaixem no horário obrigatório de determinado período e consequentemente, se torne impossível para os outros períodos. Não há mais escolha, ou melhor, a escolha única é não pagar e passar o período sem eletivas. Eu particularmente via essa possibilidade como o inferno, porque se temos de passar quatro sofridos anos indo todo dia pro CAC, pelo menos que amenizemos a dor. As eletivas se tornaram obrigatórias e não são tateadas mais pelo interesse do alunato, mas pela casualidade de espaço na grade de horário. Resumindo, situação trash. E olhe que nem toquei no ponto da distância que se cria entre as habilitações com essa novidade, pois sempre pensei nessa questão como algo que deveria ser prioridade em se quebrar: o curso ainda é Comunicação Social, antes de ser jornalismo, publicidade e rádio/tv. Isso me lembra da história que Dacier, se não me falha a memória, contou certa vez sobre o motivo dos centros universitários da ufpe terem sido construídos distantes uns dos outros: o governo achou que isso faria com que alunos de diferentes cursos não pudessem se articular politicamente. Maria Luíza me remete a essa época e a esse tipo de pensamento arcaico: a professora simplesmente está desmantelando o já fragilizado curso da universidade federal de Pernambuco. E se tem alguém que precisa ser jubilado, urgentemente, nada mais justo que comecemos por ela.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pois é, Rodrigo. Sou também do curso de jornalismo e, depois de um tempo sem acessar a lista de comunicação, me deparei com tal e-mail estúpido do Departamento sobre a reunião, ainda mais estúpida, com a dita professora. Que bom encontrar este blog, ao acaso, e ver que há outros descontentes. Concordo plenamente com o que vc diz: quem precisa ser jubilada é essa mulher que vai piorando a situação do nosso curso. Agora, o que considero ainda mais grave é quando penso que os alunos não se articulam para tentar afastar Luíza do Departamento e, para piorar a situação, os outros professores, no máximo, comentam em suas aulas sobre o descontentamento em relação a algumas posturas que são tomadas no curso. Infelizmente, a única coisa que lamento é que, ao que parece, Luiza tem todo esse espaço e mete o bedelho dela como bem quer e entende justamente porque nem nós, alunos, nem os outros professores nos juntamos para discutir o destino do curso e da direção do Departamento.